Afinal, o que é quipo?
Talvez você nunca tenha ouvido falar nele, e se não fosse informado através deste blog, jamais saberia o que são aquelas cordas coloridas que você verá à venda, em algumas das inúmeras barracas de artesanato de Cusco. Na verdade, a cidade apresenta uma variedade tão grande de souvenirs que os quipos podem até passar despercebidos, porém, depois de você ficar sabendo sua importância e seu valor como artefato histórico, passará a ter outros olhos para esta importante arte inca.
Quipo ou Quipu, no idioma quechua, khipu, é descrito no dicionário como um instrumento utilizado no passado pelos incas e outras culturas antigas dos Andes, para fins de comunicação, mas que também serviu como registro contábil e mnemotécnico.
Os quipos eram a ferramenta que dispunham para registrar as escritas, suas histórias e também suas músicas no idioma quéchua. Eles auxiliavam até na contagem dos rebanhos e das próprias pessoas. No centro do império de Cusco, qualquer comunicação e divulgação que devesse chegar rapidamente ao imperador, era feita graças a eles.

O milagre dos quipos sobreviventes
Quando Atawalpa subiu ao trono, dentre seus principais objetivos estava a erradicação da história Inca, e junto com ela, a destruição dos relatos históricos relacionados com o reinado do seu rival e meio-irmão, Waskhar. Esse novo reinado, portanto, eliminou todos os quipos que encontrou.
Da mesma forma, a conquista espanhola, caçou os quipos que ainda existiam, por não conseguirem decifrar as mensagens neles contidas. E como resultado destas perseguições sucessivas aos quipos, inacreditavelmente, não é que restaram ainda umas centenas de exemplares que se mantêm até aos dias de hoje?!
Os quipos hoje em dia
Atualmente, imaginem vocês, o quipo ainda é utilizado por alguns povos andinos e da América do Sul, sobretudo por pastores de ovinos e caprinos como método para registar os seus rebanhos. Nas cidades como Cusco e adjacências, aparece como adorno, enfeitando as paredes dos quartos de vários hotéis.
Devo confessar que a primeira vez que me deparei com um quipo, na cidade de Pisac, estranhei aqueles fios pendurados em cima de minha cabeceira, mas no corre corre da viagem não tive tempo para investigar do que se tratava. O que eu não desconfiava, é que estava diante de um dos maiores artefatos do Império Inca, o primeiro computador, o primeiro jornal criado por eles, a mais rudimentar forma de comunicação desenvolvida por uma das culturas mais fascinantes da humanidade: uma ferramenta que, em sua época, cumpriu com maestria o seu papel.
Quando nos referimos às complexas sociedades pré-colombianas, é difícil atribuir a simples cordões de lã de lhama, ovelha ou algodão o importante papel de comunicar as mensagens mais importantes ao imperador!
Os quipos, só estão presentes nos dias de hoje, graças a forma como a cultura andina preserva as suas tradições, e por isso eles mantém a sua originalidade, sendo idênticos aos do passado. A maioria dos quipos à venda, atualmente, contém os meses do ano, e são, em sua maioria, coloridos.

Suas características
Os cordões eram, e continuam sendo, produzidos com lã de lhama ou de alpaca, ou senão de algodão. Podem ser coloridos ou não, sendo que suas cores indicam o item a ser contado, e para cada atividade (agricultura, exército, engenharia etc.) existia uma simbologia própria de cores. A coloração dos mesmos é toda natural, extraída de folhas e insetos.
Podem ser enfeitados com ossos e penas, ou não. Cada nó existente, traz um significado ou uma mensagem distinta. A posição do nó, bem como a sua quantidade, indicam valores numéricos segundo um sistema decimal. Em cada cordão pode haver um ou mais nós, ou nenhum nó, ou um nó somente na ponta e um na base.

Quem foram os chasquis?
Os mensageiros responsáveis pelo transporte dos quipos se chamavam chasquis. Eram homens que percorriam a pé, vários quilômetros de trilhas incas, na maior velocidade possível, com o objetivo de fazer chegar o quipo até o próximo posto de mensageiros, onde um outro chasqui, descansado, continuaria a corrida, até que, enfim, as informações chegassem às mãos do imperador.
Pela ausência de alfabeto escrito, os quipos representavam um método simples e prático para ser transportado: leves, flexíveis e com alto grau de precisão.

E os khipu kamayuq?
Na capital Inca, Cuzco, os especialistas em quipos, denominados khipu kamayuq eram profissionais que, além de manterem os registros usando os nós, também os usavam como “aide-mémoire” para retratar histórias, mitos e poemas das tradições Incas, assim como as conquistas imperiais e a linhagem real.
Eram excelentes para registar os censos das províncias: o número total, género (masculino e feminino), crianças, solteiros e casados, etc.. Outro tipo de informação registada no quipo eram as contas, as lojas, os impostos (pagos em género), gado, medidas das terras, exércitos e equipamento bélico, astronomia, e calendários, bem como para pequenas descrições orais feitas pelos mensageiros postais, os chaskis.

Quipo, você pode ter o seu!
Portanto, querido leitor, quando você se deparar com um quipo, humildemente situado nas tendas de artesanato presentes nas ruas de Cusco, preste uma mental reverência: você está diante do que pode ser considerado um dos mais importantes artefatos originais da era inca, à venda em praça pública, por um preço irrisório. É original uma vez que continua sendo confeccionado pelas mãos de seus próprios descendentes. Acreditamos que seja uma das mais significativas “lembranças” que você pode levar para casa. Seus amigos e familiares vão ficar boquiabertos!


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