Uma excursão surpresa incluindo visita a Chinchero, Misminay e Laguna de Huaypo
Chinchero: tecelagens, aulas, produtos lindíssimos!
Mais um lindo dia começa na antiga capital do Império Inca, época seca, de dias ensolarados e “céu de brigadeiro”. Estamos no final do mês de julho e a nossa excursão parte rumo a mais um intrigante e belo passeio em terras peruanas: Maras e Moray! Um grupo pequeno, formado por 4 passageiras, brasileiras, contando comigo. A ideia que tínhamos desta excursão, obtida através das inúmeras fotos e relatos divulgados, ultrapassou em muito as nossas expectativas!
Chinchero: uma cidade feita de brinquedo, a 30 quilômetros de Cusco. Nossa excursão segue para visitar a comunidade de mulheres quéchuas, que vivem do trabalho da lã de carneiros, lhamas e alpacas: Elas são as famosas artesãs de Chinchero, conhecidas no mundo todo por sua arte ancestral, um dom transmitido de geração em geração.
As paisagens, rumo a pequena cidade de Chinchero, nos deram a dimensão do que viria pela frente, nos diferentes cenários que a região tem a oferecer.
Ao chegar, você entrará em um ambiente multi colorido, onde é recebido por lhamas e cuys, que entram e saem de suas charmosas casinhas, como que tentando se esconder dos visitantes. Mais alguns passos e nos encontramos em um cenário típico andino, panelas e fogões de barro, fumegantes, preparam desta vez não comida, mas as lãs que estão sendo tingidas. “Se ficar tempo demais elas cozinham!”, diz a linda artesã que começa a nos dar uma aula sobre a preparação da lã de ovelha, desde a sua retirada, passando pelo processo de lavagem, com uma raíz que elas encontram, após caminhar de 3 a 4 horas pelas montanhas de Chinchero. Essa raíz, elas a chamam de xampú do Inca e, por incrível que pareça, faz muita espuma e lava melhor do que os produtos químicos, que conhecemos!
Em um tear, feito à mão, um aviso: a tecelã mostra um pedaço de osso e pergunta para a platéia se sabe de onde ele provém. E ela prossegue: “é um osso humano, do último visitante que veio aqui e saiu sem levar nada!” Gargalhadas de todos e seguimos para as tendas, onde são expostos os produtos à venda: belíssimos!
O nosso veículo particular segue por uma paisagem andina desértica, apenas algumas aldeias aqui e ali despontam no horizonte. A poeira da estrada levanta em densa nuvem a cada carro que passa. Seguimos agora para a próxima atração da excursão: As salinas de Maras!
Maras
Outra jornada fascinante pela história inca nos aguarda: Maras. Uma pequena cidade, encravada no coração do Vale Sagrado dos Incas, que seria bem simples, não fossem suas mais de 3.500 mil poças de sal e terraços, encontrados nas Salinas de Maras, formando uma paisagem exótica e fantástica, explorada desde os tempos pré-incas. Atualmente, atrai centenas de turistas de todas as partes do mundo.
Ao contrário do que estamos habituados a ver, essas salineiras não estão próximas de nenhum mar, ao contrário: estão localizadas bem em meio das montanhas andinas! Um assombro!
É neste cenário cinematográfico que nos encontramos. Desta vez, a escrita não será capaz de descrever a imensidão que nossos olhos avistaram! Tanques brancos, beges, marrons. Centenas … milhares! Vamos descendo a montanha até que chegamos o mais próximo possível dessas mini lagoas, que juntas formam uma paisagem impressionante! Ali, podemos ver homens e mulheres dedicados à sua manutenção. Inúmeras famílias trabalham para a produção de sal. Aproveitando nascentes de águas salgadas das montanhas, essa é uma importante atividade econômica da região.
Fotos e mais fotos, na tentativa de capturar esse mágico momento. Subimos. Inúmeras lojinhas se encarregam da venda desse sal, de todos os tipos: sal medicinal, sal defumado, sal rosada, especial para churrascos, saladas, sal para dores musculares, inflamações nos pés, sal com plantas medicinais, enfim uma infinidade à sua escolha! Nos despedimos. Nossa próxima parada: Moray!
Moray
Explorando o enigma das antigas civilizações do Peru, encontramos as intrigantes ruínas de Moray, localizadas no Vale Sagrado dos Incas, próximo a Cusco. Estamos a 3.500 metros de altitude. Aqui presenciamos uma formação bastante espantosa, de imensos terraços circulares escavados na terra. O seu propósito ainda é motivo
de controvérsia. Se assemelha a uma arena romana, porque esses círculos estão construídos no formato de um imenso anfiteatro.
A teoria mais aceita é de que os incas utilizavam esses enormes platôs para simular diferentes tipos de climas: Digamos, um grande laboratório a céu aberto! Aqui eles teriam cultivado batatas, milho, quinoa, mandioca, tomate e outros tipos de legumes e verduras. Plantavam os mesmos cultivos, em diferentes degraus, para analisar onde a planta se desenvolveria melhor. Fantástico, não é mesmo?
Pra variar, como todas as construções incas, essa daqui é cinematográfica!
A habilidade dos incas em se adaptar e prosperar em ambientes tão desafiadores é admirável, principalmente, em se tratando de sua engenharia agrícola. Além de prevenir a erosão do solo, esses terraços criavam micro climas para o cultivo de uma variedade de produtos.
A nossa excursão desceu até a base destes círculos, e lá de baixo pudemos ter a ideia mais exata da magnitude desta construção! Que inteligência a dos incas! Nos sentimos do tamanho de uma formiguinha, em meio ao cenário fantástico de três conjuntos de circulares que nos remetem às arenas romanas. Ficamos parados um tempo a contemplar a paisagem, enquanto o guia complementava às imagens, informações e histórias fascinantes!
Apesar da deliciosa e bem recheada bolsa de lanches, contendo água, suco, chocolate, biscoito, balas, maçã e frutas desidratadas, que recebemos da Salkantay Trekking, logo no início da excursão, era chegada a hora do almoço. Sabíamos, pelo roteiro, que iríamos visitar uma comunidade chamada Misminay, porém não podíamos imaginar que se tratava de um turismo vivencial, experiência fundamental que você não deve deixar de fazer quando vier para o Peru.
Comunidad de Misminay
Estamos na Associação, sem fins lucrativos, de Turismo Vivencial Misminay. Aqui, a proposta é permitir ao visitante uma vivência nos costumes e atividades de seus moradores nas atividades agrícolas e têxteis.
Assim que nosso veículo particular chegou, homens e mulheres, vestidos à caráter, vieram nos receber, cantando músicas e batendo palmas para anunciar a nossa chegada. Depois da calorosa recepção, todos se apresentaram e nos presentearam com lindas pulseiras coloridas andinas!
O almoço foi servido dentro de uma bela e aconchegante casa rural, com cheirinho de lenha e vista das montanhas andinas. Com chá de munha de entrada, o menu estava delicioso e bem farto, com direito a sobremesa de morada, deliciosa! É uma experiência sem igual, e uma lembrança muito feliz na memória de todos os que visitam Misminay.
Dentre as várias propostas, é um lugar ideal para você observar, de dia, a paisagem de todo o vale, e à noite, as estrelas, para aprender sobre a cosmovisão andina. No Turismo Vivencial Misminay você pode se hospedar para aproveitar a natureza do lugar! Não deixe de conhecer Misminay! Nos despedimos com o coração cheio de gratidão por esta acolhida especial, pelo almoço delicioso, momentos cercados por uma comunidade muito simpática e amável. Nossa próxima parada, Laguna de Huaypo!
Laguna de Huaypo
Lenda e origem da Laguna de Huaypo
Conta a lenda que a origem da Laguna se deve ao Deus Sol, que teria suplicado a Manco Capac, que fizesse seus filhos, um casal de gêmeos, acompanhá-lo no pôr do sol. Sendo assim, ao mandar chamar seus dois filhos, eles não foram encontrados. Logo, o Deus Sol chamou os Apus para interrogá-los sobre o ocorrido, e eles responderam que seus filhos haviam se perdido e choraram tanto que acabaram se afogando em suas próprias lágrimas. Reza a lenda que, então, o filho se transformou na Laguna de Huaypo e a filha na Laguna de Piuray.
Outra origem da Laguna de Huaypo remonta a tempos antigos, no qual menciona-se que na região viviam pessoas de alto poder econômico. Em uma grande cerimônia, teria chegado no vilarejo, um pobre idoso, desarrumado, procurando algo para comer e beber. No entanto, ninguém lhe deu atenção nem muito menos o atendeu. Mesmo assim, o idoso chegou à cozinha e foi atendido em suas súplicas por apenas uma mulher, que lhe deu comida e abrigo.
Em retribuição, o idoso lhe disse que abandonasse o lugar imediatamente, com seu filho, sem olhar para trás. Porém, a curiosidade da mulher foi tamanha que ela não obedeceu e virou-se para ver o que se passava, vendo a vila desaparecer por completo. Por este motivo ela foi transformada em pedra. Hoje em dia, na Laguna de Huaypo, pode-se observar uma rocha, que os moradores acreditam ser a mulher da lenda.
Histórias fantásticas sobre a procedência da Laguna de Huaypo são contadas de geração em geração, graças à memória dos moradores locais que mantêm vivas suas tradições e suas histórias acerca de um passado fantástico, que no fundo, no fundo, ninguém pode afirmar não ser verdadeiro.
Neste ambiente fantástico, cheio de magia e lendas, chegamos a uma lagoa de águas límpidas, adornada com casas e monumentos de totora, que em muito se parecem com os encontrados nas imediações do Lago Titicaca. Passeamos por um bom tempo, em contato com essa natureza andina, diferente, fantástica! Tiramos mais e mais fotos até que chegou a hora de nos despedirmos. Depois de boas horas de aventura, paisagens paradisíacas e vivências espetaculares, nossa excursão havia chegado ao fim. Se eu pudesse, faria tudo de novo: imperdível!
É uma das paradas que se encontra rodeada de famosas cadeias montanhosas como o Nevado de Chicón, Verônica e Salkantay. Possui ainda uma paisagem incomparável de flora e fauna, além de comunidades que mantêm arraigados seus costumes e tradições.
A Laguna de Huaypo se caracteriza por suas águas cristalinas, devido às partículas orgânicas e inorgânicas presentes, uma vez que estas absorvem a radiação solar, se transformando em um aprazível local para acampar, para os amantes da natureza e esportes de aventura como o caiaque, a pesca, quadrimotos e ciclismo. Há também estilosas cabanas para aluguel, feitas de totora, a mesma planta utilizada para a construção das ilhas do Lago Titicaca.
Leave A Reply
[…] PT […]