A minha primeira viagem a Cusco foi também a minha primeira experiência fora do meu país, Brasil. Sou carioca, nascida e criada no coração da cidade do Rio de Janeiro. Você conhece a minha cidade?! Pelo lugar onde nasci, eu poderia me considerar uma sobrevivente, pronta para enfrentar qualquer cidade perigosa ou movimentada. Porém os Andes me surpreenderam.
A viagem foi um presente, dado por uma prima, e chegou de maneira inesperada, assim, de repente: num primeiro momento ela iria comigo e eu só tinha que arrumar minhas coisas, e me preparar para a viagem. Seria a sua milésima ida ao Peru, então eu poderia deixar tudo a cargo dela, porque ela conhecia tudo. Num segundo momento o convite mudou: eu iria sozinha, e ela me questionava se haveria algum problema, caso contrário ela cancelaria a viagem .
Minha resposta afirmativa, dizendo com euforia que sim, que eu aceitava embarcar sozinha rumo aos Andes peruanos, veio de forma instantânea. E partiu de uma Lara que desde pequena, sem perceber, adora a rica e mágica cultura andina, raíz do meu gosto colorido na decoração, nas minhas roupas, nos meus adornos. É a pátria da música que desde pequena arrepiava a minha pele, quando pela primeira vez, na famosa feira da Praça General Osório, em Ipanema, eu com uns 6 anos de idade, ouvi tocar o som da primeira flauta peruana.
Mas os peruanos não invadiram meu coração somente dessa vez não … certo dia, eu agora já adulta, formada em jornalismo, me deparei com uma imagem surreal, bem alí, num lugar pouco provável, em uma praça bem humilde, de um subúrbio distante do Rio: vejo surgir, como por encanto, um grupo de músicos peruanos, ricamente trajados com vestes belíssimas,entoavam canções de enaltecer qualquer alma. Fazia parte do grupo, duas crianças que, agitando suas ricas penas, faziam coreografias lindas, perfeitas: o colorido, nos detalhes dos sapatos, da indumentária, só não chamavam mais atenção que a rica melodia, que eles vendiam em cds, acomodados num banco de praça.
Daquele momento, até conseguir vê-los se apresentar no mais conceituado shopping da Barra da Tijuca, não demorou muito. A cultura peruana é riquíssima e surpreendente!
Depois de duas escalas, uma em São Paulo e outra já em território peruano, na cidade de Lima, meu avião aterrissava no aeroporto Alejandro Velasco Astete, Cusco! Um táxi me levou em poucos minutos ao meu hotel e eu adormeci. Um sono profundo me fez relaxar. Acordei de noite e parti para conhecer a terra dos Incas: as callecitas, suas ruas calçadas de paralelepípedo, as luzes mágicas da Plaza de Armas tudo tão perfeito e o som daquela flautinha voltou eu havia chegado no paraíso!
Na minha primeira saída pelas ruas, fui tomada de muita emoção: o povo é extremamente acolhedor, eles tratam com carinho e gentileza os turistas – me senti em casa.
No meu segundo dia compreendi que aquele sono inesperado da chegada havia se tratado do soroche. Meu corpo em contato com a altitude da cidade, 3.600 metros acima do nível do mar, resolveu me dar uma desligada para se equilibrar. Depois da chegada não senti mais nada no restante dos dias que fui extremamente feliz.
O City Tour Cusco me fez compreender que a cidade se divide em 2 partes: a parte de baixo, com a sua magnífica Plaza de Armas, suas lojas de artesanato, os mercados como o famoso Mercado São Pedro e as ruas principais onde se faz tudo: troca – se dinheiro nas centenas de casas de câmbio, compra -se o chip de sua operadora, troca – se e compra – se as passagens de trem para a lendária Machu Picchu, além da aquisição de seu BTC – Boleto Turístico del Cusco, que te dará a entrada nos principais Sítios Arqueológicos, atrações, museus, tudo em poucos passos. E a parte de cima, toda cinematográfica, com vistas plenas de toda a Cidade de Cusco. Suas ruas charmosas e enfeitadas nos levam à San Blas, o bairro dos Artistas. Nos levam à Catedral de San Cristobal, à lendária Sacsayhuaman!
Descrever Cusco como um lugar de sonho para passar as férias talvez seria pouco para uma cidade de atmosfera inebriante. O tour pelo Vale Sagrado dos Incas arrematou meu coração e me fez sentir vontade de ser peruana! Pisac, Chinchero, Ollantaytambo! Tenha certeza de poder ficar o máximo de tempo, para percorrer cada passo com calma, cuidado e muito amor: essa terra merece!
O que posso falar da minha visita à Machu Picchu é que mesmo não sendo os Transformers tive uma visão de 360º de toda a região do santuário sagrado, como se eu estivesse em um sobrevoo, percorri as ruas da cidade perdida dos Incas! Me senti num filme de aventura, tendo cada passo enriquecido com a narração do meu competente guia que sabia tudooooo e muito mais!
Meu sonho de infância, desde as aulas de geografia da professora Helena, me fizeram querer chegar na cidade de Puno, para conferir o Lago Titicaca, será que eu realmente poderia ir no lago mais alto, navegável do mundo?! E lá estava eu, dentro da embarcação que me levaria à Ilha Los Uros – uma aventura que quero repetir mil vezes na vida!
Conhecer a neve! Eu nunca tinha tocado na neve! Cusco é rodeado de montanhas nevadas e glaciais: um convite para caminhadas transformadoras em caminhos de sonhos: foi assim que cheguei a base do sagrado Apu Ausangate!
Meus dias na terra dos Incas se passaram num piscar de olhos e por mais de uma vez eu remarquei a minha passagem de volta embarquei rumo ao Brasil chorando de emoção e gritando lá do alto da escada : Tupananchiskama Cusco! Que a vida faça que nos reencontremos novamente, Cusco!
Dois anos se passaram desde que meu coração virou peruano. Já estou com a passagem comprada e embarco agora, dia 30 de maio! Aguardem novas aventuras!
Leave A Reply
[…] Minha Primeira viagem a Cusco […]
[…] Minha Primeira viagem a Cusco […]