Antes de iniciarmos o nosso relato, acerca do universo fantástico do Vale Sagrado dos Incas, é importante que você saiba que vai precisar do Bilhete Turístico de Cusco, o BTC. É ele que vai lhe permitir a entrada em todos os sítios arqueológicos inclusos na sua visita. Informe-se!
Visita ao universo das mulheres tecelãs de Chinchero
O carro nem mal tinha saído da cidade de Cusco e a expectativa de todos os passageiros se misturava às explicações detalhadas do guia acerca do Vale Sagrado dos Incas. De repente, uma surpresa: ganhamos uma bolsa de lanches para cada um, com suco, água, frutas, inclusive desidratadas, balas, biscoitos, chocolate! Enfim, a nossa aventura, com a Salkantay Trekking, rumo ao Vale Sagrado dos Incas, começou muito bem!
Após, aproximadamente, uma hora de viagem, chegamos na cidade de Chinchero, que fica localizada a 30 quilômetros de Cusco, e a 3.762 metros acima do nível do mar, para visitar uma autêntica comunidade de mulheres tecelãs. Fomos recebidos por amistosas alpacas e lhamas, que se deixaram fotografar à vontade. O cenário colorido era todo ambientado às casas típicas andinas: composto de fornos à lenha e panelas de barro que não preparavam comida, mas sim, tingiam as lãs, recém fiadas, artesanalmente.
Sentados ao redor de uma tecelã, saboreando um gostoso mate de munha, que nos esquentou bem naquela primeira hora da manhã, ouvimos e vimos todas as etapas da extração da lã, sua lavagem com impressionante sabão extraído de uma raíz, seu tingimento e por fim a confecção dos lindos tecidos andinos, nos teares manuais. Incrível ficar por dentro de todo o processo! E após uma visita à loja de “artesanias”, onde pudemos admirar belíssimas mantas, ponchos, luvas, gorros, mochilas, carteiras e uma infinidade de artigos, nos despedimos das famosas mulheres tecelãs de Chinchero.
Chinchero
A população da pequena Chinchero é considerada a mais típica do Vale Sagrado dos Incas. Seus habitantes residem em construções incaicas, quase intactas, no mesmo lugar onde seus antepassados viveram e formaram a maior e mais próspera civilização da América.
É a capital do distrito que recebe o mesmo nome, pertencente à província de Urubamba. Um dos povoados mais representativos de Cusco, e reconhecido por sua arqueologia e “artesania”.
Atualmente, Chinchero conta com uma população que supera os 15 mil habitantes, composta por 12 comunidades indígenas. Estas comunidades, seguindo com o sistema de organização do Tahuantinsuyo, sua máxima autoridade, nomeiam diretamente o seu varayoc (líder). Chinchero é um dos poucos lugares onde ainda se conserva a tradicional comercialização de troca.
Sítio Arqueológico de Chinchero
Nossa excursão, contendo 12 passageiros, nos levava agora a visitar um sítio arqueológico cinematográfico. Aliás, tudo por aqui é. O sítio arqueológico de Chinchero abrange 43 hectares, onde se encontram terraços, estradas, canais de água e templos. Também na área, encontram-se os restos de três adoratórios chamados Titiqaqa, Pumaqaqa e Chincana; que são enormes afloramentos de rocha calcária, cuidadosamente esculpidos pelos antigos peruanos.
Palácio de Tupac Yupanqui
Na praça principal de Chinchero, destaca-se à primeira vista a extraordinária fusão entre a arquitetura inca e a arquitetura colonial. Em frente à igreja, ergue-se um muro inca com 10 nichos trapezoidais que se conservam até hoje. Estes faziam parte do que foi o Palácio de Tupac Yupanqui.
Igreja Colonial de Chinchero
A igreja colonial é outro dos atrativos que se pode encontrar em Chinchero. Ela foi construída sobre os restos do Palácio de Tupac Yupanqui, no ano de 1572, por ordem do Vice-Rei Toledo. Esta igreja está decorada exclusivamente com arte religiosa cusquenha, com obras originais de artistas reconhecidos como Diego Quispe Tito e Francisco Chihuantito.
Acabamos a nossa visita satisfeitos do que vimos e aprendemos por parte do nosso guia, e realizados de todas as fotos incríveis que fizemos. Não só o cenário cativa mas a atmosfera é inebriante.
Mirador de Chinchero
Pouco tempo depois, chegamos a um mirador fantástico. Como o próprio nome diz , de lá, tivemos uma vista cinematográfica de grande parte do Vale Sagrado dos Incas. Saltamos para mais fotos !e nos entretemos com as vendas de “artesanias”!
Ollantaytambo
Esta cidade, conhecida como o último povoado inca vivente, nos recebe com suas ruas e construções medievais, pertencentes à época inca e colonial, com muito colorido, proveniente de seus artesanatos, com seus canais de água que compõem uma melodia sem igual. A nossa excursão vai visitar o seu sítio arqueológico, um lugar impactante, localizado aos pés de uma montanha, onde os incas construíram terraços agrícolas e um povoado.
Ollantaytambo é muito mais do que uma fortaleza; é um lugar onde a história e a mitologia se entrelaçam. Situado no Vale Sagrado dos Incas, este sítio arqueológico foi uma importante cidadela e centro cerimonial. Os incas construíram aqui impressionantes templos, terraços agrícolas e um urbanismo avançado que desperta admiração até os dias de hoje.
Os terraços incas que encontramos em nossa visita, são plataformas em forma piramidal, feitas pelos incas, que se utilizaram da agricultura, primordialmente, para o cultivo de maíz e diversos tipos de batatas. Estes terraços escalonados são considerados uma maravilha da engenharia, são um dos elementos mais destacados em Ollantaytambo – não apenas por sua função agrícola, mas também por suas possíveis implicações astronômicas.
Alguns pesquisadores sugerem que esses terraços poderiam ter funcionado como um calendário solar ou lunar, utilizado para marcar importantes eventos sazonais. e uma parte importante do patrimônio cultural de Ollantaytambo.
As ruínas, impressionantes, formam vários templos, feitos de rochas megalíticas, calendários solares e um complexo sistema de canais e banhos reais. Tivemos também a oportunidade de observar as ruínas da cidade, as grandes pedras monolíticas que fazem parte do Templo do Sol.
Ao explorar este complexo arqueológico, é impossível não se maravilhar diante do Templo do Sol, com seus seis gigantescos monólitos alinhados em perfeita simetria. A luz solar, brincando entre essas pedras, cria novas sombras a cada dia, mantendo viva a conexão cósmica tão importante para os incas. Esta é uma edificação retangular, com uma série de terraços, escadarias e muros que a rodeiam. Trata-se de uma gigantesca estrutura feita de pedra de granito rosado, localizada nas ruínas de Ollantaytambo. Acredita-se ter sido um palácio real durante o império Inca, sendo uma das estruturas mais bem conservadas do sítio.
A presença de estruturas como o Templo do Sol ou o Banho da Ñusta (princesa) destaca não apenas sua importância política, mas também religiosa e mitológica para os antigos habitantes andinos. Segundo as lendas locais, Ollantaytambo foi construído por ordens diretas do inca Pachacutec, que o utilizou como bastião contra possíveis invasões.
Que aventura escalar todas estas construções e ver, lá de cima, a incrível vista deste indubitável legado inca, que se mantém nos dias de hoje. Conhecer essa cidade, tão arraigada às suas raízes, foi emocionante. Percorrer as fontes de água com a brisa das montanhas, o som das águas e a presença de lhamas e alpacas, foi inesquecível!
As Famosas Pedreiras de Pinkuylluna e Seus Mistérios Não Resolvidos
As pedreiras, próximas ao setor ocidental, formaram outra peça-chave neste mosaico cultural, sendo a principal fonte para as pedras usadas em construções majestosas, tanto em sítios cerimoniais quanto em alojamentos civis e militares. Até hoje, continua sendo um mistério, como foi possível o transporte desses enormes blocos rochosos, através de rios e montanhas, sem o uso de uma tecnologia avançada.
Segundo algumas versões míticas, houve intervenções divinas que ajudaram a mover tais pedras gigantescas; enquanto outros defendem a ideia de uma inteligência superior, desconhecida por nós hoje.
Além disso, existem lendas locais sobre um labirinto subterrâneo conectando diferentes pontos sagrados dentro do império incaico com esta cidadela; alguns acreditam até que ele conduziria ao lendário refúgio dourado conhecido como Paititi ou o El Dorado.
Mitos e lendas sobre Ollantaytambo
A Lenda do Guerreiro Ollanta e a Princesa Cusi Coyllur
O relato mais famoso associado a Ollantaytambo é, sem dúvida, o drama amoroso entre o valente general inca Ollanta e Cusi Coyllur, filha do Inca Pachacutec. O amor proibido entre esses dois personagens faz parte fundamental das tradições orais andinas.
Diz-se que Ollanta se apaixonou perdidamente por Cusi Coyllur, mas, devido às rígidas leis sociais incas que impediam uniões fora de seu status social, seu amor era impossível. Esse conflito levou a uma série de eventos trágicos, incluindo guerra, separação e, finalmente, reconciliação, graças à intervenção do próximo governante inca, Túpac Yupanqui.
Don Angel: a hora de matar a fome!
E chegou a hora do almoço! Todos, sem exceção, estávamos famintos, mesmo com os lanches que recebemos na saída. Muito exercício físico só aumentou nosso apetite! Que grata surpresa chegar em um restaurante tão especial, requintado e com uma variedade enorme em seu buffet. Aqui você vai ter a oportunidade de provar de tudo:
- Saltado de olluquito: Salteado de olluquito
- Quinua verde con longostin: Quinua verde com lagostim
- Pollo con arroz turco: Frango com arroz turco
- Papas: Batatas
- Oca al horno: Oca ao forno
- Cerdo a la naranja: Porco à laranja
- Rocoto relleno con verduras: Rocoto recheado com verduras
- Rocoto relleno con carne: Rocoto recheado com carne
- Choclo: Milho
- Causa de atún: Causa de atum
- Ceviche de tilápia: Ceviche de tilápia
- Camote: Batata-doce
- Sopa de hairo: Sopa de hairo (um tipo de alga marinha)
- Crema de verduras: Creme de legumes
- Arroz e frejoles: Arroz e feijão
- Cuy chiruchu: Cuy chiruchu (prato típico de carne de porquinho-da-índia)
- Malaya al horno: Malaya ao forno (um tipo de carne bovina)
- Oraya: Oraya (prato típico, o nome pode variar dependendo da região)
- Pastel de camote: Bolo de batata-doce
- Roll de alpaca con queso: Rolinho de alpaca com queijo
Fora as sobremesas, uma mais deliciosa que a outra! Compota de sachatomate, uma fruta das montanhas, típica dos Andes, excelente para o coração, para a pressão, e para os diabéticos. gelatinas, pudins, e uma variedade de doces típicos.
Sítio Arqueológico de Pisac
Nossa última parada foi mais um presente dos deuses: que esplendor as ruínas de Pisac! Este sítio arqueológico inca é uma das jóias do Vale Sagrado dos Incas. Possui templos e palácios finamente trabalhados em pedra. Pode-se afirmar que as ruínas de Pisac formam um dos melhores complexos arqueológicos incas em todo o Peru. A nossa visita incluiu: a zona militar, o setor dos terraços escalonados, e o Amaru Punku.
Este sítio se encontra no extremo oriental do Vale Sagrado, a uma hora da cidade de Cusco, a 34 quilômetros de distância e a 3.300 metros sobre o nível do mar. Para chegar, utiliza-se a mesma via que conduz a Sacsayhuaman. Se for de ônibus, deve se dirigir à rua Puputi, no Centro Histórico de Cusco. Para acessá-lo você deve seguir a ladeira localizada atrás do seu povoado, de mesmo nome, caminhando 1 hora e 30 minutos, ou através de transporte público, que leva uns 30 minutos. A cidade de Pisac está localizada a 2.974 metros sobre o nível do mar.
Pisac deriva da palavra quechua ‘Pisaca’ que significa ‘Perdiz’. Acredita-se que este recinto arqueológico possui o formato de uma perdiz. Os incas gostavam de atribuir um formato de animal ou de ave à suas principais cidadelas. Desta forma, a cidade de Cusco possui a forma de um puma.
Suas ruínas atraem milhares de visitantes, estima-se que cerca de 200 por dia. É um dos atrativos turísticos que faz parte do tour ao Vale Sagrado dos Incas. Durante o legado inca, Pisac foi uma importante cidade, com impressionantes sistemas de terraços escalonados e recintos em pedra talhada. Durante a época colonial, seus templos foram saqueados pelos espanhóis. Hoje é um dos atrativos turísticos históricos mais importantes na sua viagem a Cusco.
Mitos e lendas sobre Pisac
A lenda de Inkil Chumpi
Em Pisac, existe uma formação rochosa chamada Inkil Chumpi. Este cume possui uma lenda que conta a história de uma princesa, a única filha do governador da cidadela inca de Pisac. O governador inca decidiu que se o rapaz que casasse com sua filha, deveria ser capaz de construir uma ponte sobre o rio Vilcamayo em apenas uma noite. O jovem Asto Rímac, o preferido da princesa, começou a trabalhar. Inkil Chumpi subiu uma colina para pedir o favor dos deuses, os ‘Apus’ ou montanhas sagradas. Eles concordaram com a condição de que ela não olhasse para o trabalho de Asto Rímac. Ela aceitou, mas, incapaz de suportar a incerteza, olhou para a obra. Então, Asto Rímac foi arrastado pelas águas do rio. Ela gritou desesperadamente, transformando-se em pedra, onde hoje está a formação rochosa em Pisac.
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